sofrimento extremo – Júlia Challenge #0

extreme A Júlia e a A. estão as duas na sua maratona há 9 meses, faz amanhã 40 semanas. Perto da meta, portanto. Quis contribuir com um pouco de energia positiva, inaugurando o Júlia Challenge, uma corrida que espero repetir por muitos anos em vésperas do seu aniversário, procurando sempre bater um recorde de distância a correr ou de bicicleta. Quando deixar de ser possível bater um recorde, significa que ela já está a sair de casa finalmente para estudar para a universidade. Corri 10km pela primeira vez hoje, 2 meses depois de começar a correr. Apesar de não ter tentado bater um recorde, mas sim aguentar 10k, tenho noção do ridículo do meu humilde tempo de 1:03:51, pois o aceitável para corredores amadores regulares é abaixo de 45 minutos e o recorde mundial é  26:17.53 (do etíope Kenenisa Bekele, Bruxelas, 2005). Mas do suffer score de 189 não me envergonho. Usar um monitor cardíaco, um relógio gps e ser premium user do Strava tem destes benefícios motivadores. A aplicação calcula um score de sofrimento com base na frequência cardíaca e duração do exercício. Portanto, até o Fernando Mendes pode conseguir um Extreme se o obrigarem a correr 100 metros atrás de um frango assado (na verdade, não é bem assim, porque só com treino se consegue tolerância ao sofrimento por períodos mais prolongados e há ultra-maratonistas com suffer scores acima de 1000). Acima do Extreme, só o EPIC. Aposto que se ligasse estes aparelhómetros à A. no trabalho de parto, o suffer score dela podia ser um epic, se ela se esforçasse.

  • Leisurely 0-49
  • Moderate 50-99
  • Tough 100-149
  • Extreme 150-249
  • Epic 250+

Hmm… isto dá-me uma ideia… Era interessante se as mães pudessem falar dos seus partos com base no suffer score obtido em vez de se referirem a termos ambíguos e vagos como “foram 18 horas intermináveis” ou “fartei-me de dizer palavrões” ou “dei um soco no meu marido”. Ao postarem o bebé recém nascido no facebook, todo amarrotado do parto, podiam colocar uma legenda do estilo “Maria Teresa – suffer score 420” e gabar-se às amigas, com provas científicas. Também podiam, anos depois, dizer coisas aos filhos como “vai estudar! Não tive um suffer score de 642 para tu me chumbares a matemática! E vai arrumar o quarto!” Será que o relógio e o monitor cardíaco atrapalhavam muito as enfermeiras e os médicos?

12 thoughts on “sofrimento extremo – Júlia Challenge #0

  1. Oh meu deus, isto é brilhante. Suffer scores aplicados aos partos! Concordo plenamente que assim é muito mais fácil comparar dores para quem nunca passou pela experiência, do género perceber que um parto custa tanto como correr uma maratona ou coisa do género. Agora dizerem que é a pior dor da vida é demasiado vago.

      1. Nenhuma. Fiquei honestamente surpreendida com isto, nao sabia que existia medicao de sofrimento, mas parece me muitissimo relevante ja que n toda a gente tem a mesma tolerancia a dor. E pelos vistos essa tolerancia treina se ate certo ponto?

      2. na verdade, o suffer score não mede propriamente a “dor” 🙂 ele assume que se fizeste determinado esforço durante certo tempo e com o coração naquele estado (tendo em conta as tuas batida cardíaca máxima e mínima) então sentiste xis sofrimento. É apenas “físico” e para desportos de endurance. E por vezes, até para a mesma pessoa não é exactamente linear. Este foi o meu suffer score mais alto, mas recentemente dei uma volta de btt de 60K que me pareceu muito pior, durou quase 4 horas, a 20km do fim já não conseguia fazer subidas e no fim… teve um sufferscore mais baixo que esta corrida.

  2. Terias que arranjar um novo score para o suffering do parto. Pegas no Épic, elevas á potência 10 e talvez te aproximes do espírito da coisa. A A. Depois te dirá como foi….

  3. Brilhantes paralelismos com o Benfica e o parto. Ja’ agora, acho que e’ importante referirmo-nos ao lado esquerdo da defesa do Benfica pela forma como vai ser celebrizada em 2013/14: Avenida Paulista (copyright do M., do La’ Em Casa Mando Eu).

    Falando da parte seria do texto, ate’ porque preciso de dicas sobre relogios / GPS’s / heart rate monitors… Gostava de ter tido direito a um suffer score no momento em que terminei o Tough Mudder (melhor ainda se conseguisse associar diferentes niveis de suffer score a diferentes obstaculos, qual sera’ o score de perder os sentidos com choques electricos?). Mas estou-me a desviar do tema, a minha questao prende-se com o facto de estar neste momento a recuperar de uma lesao de Lisfranc e por isso mesmo estar limitado nos proximos meses a ocean swims. Tens alguma dica em relacao ao melhor gadget que posso arranjar para me ajudar a motivar nestes meses? O ideal seria algo que juntasse a capacidade de medir distancias, controlar o ritmo cardiaco, fosse water resistant e como nice-to-have ainda me desse um suffer score no final de tudo. Aconselhas / desaconselhas vivamente alguma marca, modelo, ou conheces algum site onde posso analisar os modelos que existem para tentar satisfazer as minhas pretensoes?

  4. O topo de gama da Garmin, o 910XT, se as ocean swims são uma parte importante da tua rotina. É o único que mede distâncias de natação por GPS, os outros só funcionam em piscina. Mede-te as braçadas, uns índices de eficiência, detecta o estilo em que estás a nadar, etc. etc. Para além disso é um relógio extremamente completo em corrida e ciclismo também. Review aqui (http://www.dcrainmaker.com/2011/10/garmin-forerunner-910xt-in-depth-review.html) As reviews deste senhor DC Rainmaker são muito detalhadas e honestas. Eu tenho o Garmin 610. Não é à prova de água (excepto chuva, salpicos) e serve para ciclismo + corrida. Pode ser usado como relógio de dia a dia, o que é uma vantagem face ao 910 e tem touchscreen que dá jeito. Acho que quer o 910, quer o 610, calculam um Train Effect que é semelhante ao suffer score do strava e que vai de 1 a 5 (com decimais), por exemplo, 3 significa que melhoraste ligeiramente a condição, 4 que melhoraste muito e 5 que te estás a esticar demais com risco de lesões. O score também tem em conta a tua evolução enquanto atleta. Quanto ao monitor cardíaco, há bem pouco tempo nenhum funcionava dentro de água, não sei se ainda é assim. Eu uso um da Garmin também, mas desde que seja ANT+ device, é compatível. O formato ANT é uma espécie de bluetooth destes aparelhos, para comunicarem com relógios ou computadores de desporto. O Suffer Score é dado pelo Strava, para premium accounts, serve mais para motivação do que propriamente para análise. É mais interessante aquele gráfico do lado esquerdo, mas para análise basta o Garmin Connect que é gratuito e bastante completo. O monitor cardíaco é muito útil como ferramenta de análise e, no meu caso, para orientar os meus treinos também, pois quer o 610, quer o 910, permitem ter planos de treinos completos que, automaticamente, te vão dizendo o que fazer e orientado a sessão, reagindo também aos teus batimentos cardíacos. De resto, qualquer relógio com gps e possibilidade de ligação a monitor cardíaco permite-te toda a análise que possas querer, uma vez que recolhe os dados em bruto e depois a análise faz-se é com os Garmin Connects e os Stravas, ou outros softwares online ou não. Ah, também há um Garmin Swim, só para piscinas, custa pouco mais de 100 euros. Como em tudo, investiga, o DC Rainmaker tem reviews para praticamente tudo.

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