Quem me chamou uma vez a atenção para isso pela primeira vez foi um brasileiro numa conversa em São Paulo: “estive em Lisboa duas vezes, nossa, muito vento…” Pela descrição dele, Lisboa era fustigada permanentemente por ventos ciclónicos. E é verdade, podia ser a windy city, especialmente nos meses de verão em que há mais vento. Nota-se a sério se tentarmos estar numa mesa de esplanada com merdas que possam levantar voo, como a conta ou um canto da toalha de papel. Imagino que o Porto seja igual, por estar numa situação geográfica semelhante, talvez pior até (neste particular). Conseguem imaginar o que é estar numa esplanada em que um papel em cima da mesa simplesmente não voa? Eu já experimentei isso uma vez, em Paris. Soube-me tão bem, mas na altura não percebi porquê.
Dá-se o caso de ter recomeçado a andar de bicicleta para o trabalho e nos últimos dias a viagem de volta é um autêntico martírio. Sinto-me num túnel de vento sempre que chego ao topo de uma avenida e tenho de ir duas ou três mudanças abaixo, lentamente. Pelo menos é arejada esta cidade e com ar do mar a maior parte das vezes. Um luxo. De manhã cedinho, parece que dormiu com as janelas abertas a noite toda. Ultimamente tenho vindo por caminhos diferentes para o trabalho. Ir a direito é commute rotineiro, mas basta improvisar um novo caminho todos os dias para ser um passeio.
Esse senhor que nunca vá a Edimburgo. Voam chávenas, das mesas das esplanadas.