Algumas decisões apresentam-se de forma muito objectiva como fundamentais: mudar ou não mudar de emprego, emigrar, ficar, escolher um curso superior, ir a um encontro, pedir, dizer sim, dizer não, acabar, ter um filho, não ter um filho etc. Poderíamos ser tentados a pensar que são essas decisões que marcam o curso das nossas vidas, mas seria uma ilusão.
Estas decisões aparecem de forma pura no meio de um caos completo. Mas por cada uma que surge clara e definida, há uma multitude de decisões invisíveis opostas, um conjunto complementar gigante e custos de oportunidade astronómicos, infinitos, nas vidas alternativas que não levámos e que nos levariam a outras decisões.
Contudo, o passageiro que perde o avião só se apercebe da importância do atraso no trânsito se o avião que não apanhou desaparecer no Índico. Mas nem todos os aviões que perdemos desaparecem no Índico, logo, dificilmente temos a noção das consequências das coisas tão simples como perder um avião.
Não fiquem paralisados e com medo de apanhar aviões. Nem todas são assim. Há microdecisões inofensivas. Dentro de um conjunto de condições relativamente limitadas, temos algum grau de liberdade para decidir e não alterar nada de fundamental. Por exemplo, um serão sozinho em casa, pode ser passado a ver tv, ler um livro ou jogar Ps3 e nenhuma destas 3 coisas alterará o futuro de forma determinante. Também existe o chamado destino dentro de um certo grau de liberdade. Por exemplo, um jogador viciado no casino, poderá decidir não jogar hoje e amanhã, por um rasgo de consciência, ou jogar e ganhar dinheiro dias a fio, mas está escrito que vai perder tudo um dia.
Por muitas voltas que a gente dê só adia o inevitável.
(também já li esses livros todos :))
E também é importante considerar que não fazer nada pode ser igualmente trágico.
“…sozinho em casa, pode ser passado a ver tv, ler um livro ou jogar Ps3 e nenhuma destas 3 coisas alterará o futuro de forma determinante…”
Se o autor deste blog decidir ler um determinado romance de, sei lá, jd salinger, e decidir sair de casa e matar alguém? E se o autor decidir jogar um jogo de Ps3 subordinado ao tema Ninjas Assasinos e decidir pegar na catana que tem a decorar a lareira e sair de casa e…
Relativamente à Tv ,se após um prós e contras animado o autor decidir, sair de casa, ir até aos estúdios da RTP e… matar toda a gente.
O futuro é misterioso, Alexandrino dixit.
Nunca saberemos, mas sim as possibilidades são ilimitadas.