A minha segunda geração de instrumentos de cozinha tem-se pautado por escolhas cuidadosas que favorecem o premium. Sempre sonhei com uma faca de crhomium-vanadium. Talvez não. Talvez só a partir do momento em que lhe peguei na loja e ensaiei os movimentos de picar cebola ou fatiar um tomate imaginário e o senhor de idade espreitou por cima do meu ombro e disse “ahh, vejo que é um conaisseur“. Foi buscar um pano e pousou-a em cima do pano. Ficámos os dois a admirar a sua ausência de reflexos luminosos, como se a superfície cortasse a própria luz solar, assim como as depressões ovais na lâmina para impedir o vácuo após o corte e permitir a soltura das fatias de courgete. Explicou-me que normalmente nem mostra essa faca aos clientes. Só me faltou dizer que era uma Hattori Hanzo. A marca, contudo, é portuguesa: Ivo. E parece que ganhou prémios de design e inovação a nível mundial, na alemanha e tudo. Uma liga de aço que incorpora carbono, manganésio, fósforo, enxofre, sílica, crómio e, claro, vanádio. Isto é essencial para cozinhar. Não sei como cortei coisas durante 20 anos com uma faca comprada numa grande superfície. O carbono permite cortar hidratos de carbono. O manganésio para o amnésio. O fósforo acende o bico do gás. O enxofre corta cebolas e a sílica é idílica. O crómio é porque é isso que sou, na cozinha. O vanádio é que não sei.
Já em casa, testei-a. Foi divertido cortar um tomate pousado na tábua de um só golpe, com as duas metades a ficarem juntas depois da faca passar, como nos filmes e o tomate sem se mexer. Corta tanto a faca que é complicado guardá-la. Vai acabar por cortar tudo até ao núcleo da terra. Como todos os cozinheiros e dragon slayers, dou nome às minhas facas. A esta, chamo-lhe Death Star. E faz pandã com o meu avental do Garfield.
Um texto delicioso, fez-me rir num dia que não tinha muitos motivos para o fazer. Não resisto a uma goga culinária não sei como falhou esta faca. Já foi ver o site da IVO. Deviam dar-lhe um conjunto de facas só por este texto, a melhor publicidade deles. Mas no site também têm coisas interessantes e fiquei a saber que há uma faca SÓ para o tomate. Agora falando a sério, fiquei mesmo com vontade de ter uma coisa destas, logo já passo pelo Polycarpo
Isso é que era, deviam pois, um conjuntinho elas!
Devias ter colocado o link da post :b
Já me registei, vou comprar uma para descascar (se der, digo que fui daqui 😉
Agora já não vou colocar, parece que me estou conscientemente a fazer à faca. Já estive para escrever um texto sobre um produto da Flama, outra marca portuguesa bastante boa.
Pois eu adorei a parte do vai cortar tudo até ao núcleo da terra. Esgar. Quando acho que sou exagerada venho ler-te.
? Parvoíce, o texto vale por si só! Sem brincadeiras, eu sou preguiçosa e mesmo assim lá fui googlar a facalhona :b (e custa quase 40 mocas)
Ups, Tata… o meu comentário é a resposta ao encolhido ali de cima.
peço desculpa, mas 40 mocas é a faca multiusos que é mais pequena e, naturalmente, mais barata. A face do chefe não aparece online quando é uma visitante do sexo feminino. Em compensação aparece a de descascar por exemplo.
A mim aparece-me online com o nome “faca de cozinheiro”. É só pedir a um homem para fazer scroll down.
Há que apreciar um site que sabe o que mostrar. Detestaria perder tempo a perscrutar objectos desinteressantes. Time is money, para tudo há um custo, e os almoços grátis jamais o são. Vou ver canetas. A minha Montblanc tem uma apara fina. Ainda não decidi se a troque. Se calhar uma boa faca resolvia-me o problema. Será que se fizer uma pesquisa assim encontro a adequada? Ah, as dúvidas…
Sorriso!
Isso é que é saber vender um produto! 🙂