Gostava de ouvir os mesmos discursos que oiço sobre “política” e “políticos” sobre futebol. “O mal disto é que são sempre adeptos dos mesmos três grandes, depois queixam-se”,”Quem não vai ao estádio é que tem a culpa disto estar como está.”, “Para quê ser adepto? São todos iguais, só muda a cor da camisola e o nome do clube”…
Month: Setembro 2015
I Bite Through It
coisas importantes
Já veio com fama de mau profissional e pelos vistos continua. Não é curioso como parece impossível fazer de um mau profissional de futebol um bom profissional? Pode-se treinar tanta coisa e o carácter parece fechado. Depois são jogadores sucessivamente contratados eventualmente com fé que um novo clube, treinador e contexto os meta na ordem. Assim Balotelli saltita de clube em clube ou esta doninha gorda veio cá parar. Vamos ver o que se sucede, mas com este texugo de sebo a ganhar 2 milhões por ano, o contrato devia prever pulseira electrónica.
eleições, notas, vão-se lixar
É verdade que Nóvoa disse que não faria acções de campanha até às eleições, mas o homem está tão desaparecido que alguém com bom senso no PS deve ter sugerido algo como contratar um rapto à máfia russa e mantê-lo (com todas as comodidades) numa quinta isolada,sem acesso à Internet. Sócrates também não enviou mais fotos estilo Sopranos. Mas não sei se chega. Tudo parece apontar para uma copiosa derrota do PS que eu vaticinei aqui neste mesmo blogue no início do ano – não me esqueço porque houve alguns comentadores que espumaram de indignação e a miséria e raiva dos outros é um excelente marcador somático e auxiliar de memória. O que são vitórias se ninguém ficar triste?
Assistimos na Grécia ao curso de formação e reabilitação da extrema esquerda com bons resultados para Tsipras e uma boa parte do Syriza. Passaram de partido de malucos para uma coisa mais normal, embora ainda falte um longo caminho até ao doutoramento. Digamos que vai começar o estágio prático, em que lidarão com greves e corporações qe tudo farão para arrastar a Grécia para o caos. No dia em que Tsipras der a ordem à polícia de choque para carregar numa multidão à qual ele pertenceu há menos de 3 ou 4 anos, poderemos dizer que Tsipras atingiu a maturidade política. Varoufakis e a ala de maluquinhos (que afinal pesaram 3% nas eleições e zero deputados) chumbaram e continuarão, se Deus quiser, a ser irrelevantes. Por cá dissociação entre ideologias e acção / realidade de um partido de poder vai continuar a causar problemas ao PS, independentemente da liderança O PS não é o Syriza pós-eleições sequer, mas o PS vai buscar a sua identidade a uma espécie de esquerda e isso significa que tem de dizer umas imbecilidades, simular uma luta de classes, fazer promessas estúpidas e, sobretudo, a não se conseguir comprometer com cortes de qualquer espécie (que faria inevitavelmente).
O PS precisa conquistar votos ao “centrão” mas também ao Bloco. O Bloco, esse, não se demonstra apto a formar governo com o PS desde que existe. Não posso deixar de ficar perplexo com o radicalismo do Bloco ou de outras experiências de extrema esquerda, mesmo depois da lição Syriza que devia ser, para pessoas íntegras, uma lição pedagógica. Não foi. Acho até que o eleitorado levaria o Bloco mais a sério se achasse plausível que o Bloco formasse governo com o PS. Uma espécie de compromisso, um “melhor do que nada”.
Não consigo entender como em 2015 é possível um partido de gente jovem e alguma muito inteligente e competente, como a Mariana Mortágua, ou pelo menos honesta como a Catarina Martins (que está a fazer uma óptima campanha)ou que teve Francisco Louçã (inteligente, sério, competente, hoje excelente comentador), como é que esta gente, dizia eu, prefere sacrificar espaço de acção real em nome de um radicalismo sectário que sempre que foi aplicado e sempre que será aplicado resultará em opressão das liberdades e definhamento da sociedade em todas as suas variáveis. As ideias económicas do Bloco ou do PCP são a receita da miséria e da opressão e sempre foram.
Existe espaço para uma esquerda e existe espaço e muitos motivos para trabalhar no eixo da diminuição das desigualdades, da solidariedade, do apoio aos desfavorecidos, à educação etc. Existe espaço para o eixo de uma maior transparência e combate à corrupção que foi aliás aquele que os Podemos ou o Syriza cavalgaram. A Mariana Mortágua esteve brilhante nas comissões de inquérito e tal como Louçã passa muito bem a imagem de uma pessoa impossível de corromper (tal como Jerónimo de Sousa). Se se ficassem por aí e por uns compromissos razoáveis em pontos concretos e plausíveis, não vejo porque não poderiam praticamente engolir o PS. Não se entende como depois apresentam ideias e um discurso económico que parece quase um copy paste do PCP na essência. Toda uma geração de jovens idealistas perdida num radicalismo utópico que nem a lição do Syriza serviu para calibrar.
Comunistas. Não vejo grande diferença entre o pensamento do partido comunista português e o motoclube de Faro.
O Livre é uma oportunidade falhada. Para quê, formar um novo partido, se vamos aos bordões do neoliberalismo, dos mercados, da banca, dos 1% para a cultura etc. e repisar a mesma coisa do Bloco e do PCP.
O Agir, se a Joana Amaral se despir mais vezes, talvez consiga conquistar alguns indecisos entre o Livre e o Bloco.
Sobre PSD e CDS, a coligação PAF,são o menos mau, neste momento e há momentos em que isso é mais do que suficiente. Conforme já disse, gosto de Passos Coelho (em termos relativos, pelo menos não o odeio) e comecei por detestá-lo. Devo dizer que sempre detestei todos os líderes do PSD (Cavaco, Santana Lopes, Durão Barroso, Ferreira Leite etc.) Um momento chave foi quando observei o confronto directo de Passos com Salgado. Foi o primeiro que de facto se demonstrou independente do grande banqueiro e se não consigo dizer que com o PS no governo Sócrates estaria na choldra (duvido, basta recordar a relação do execrável Pinto Monteiro e Sócrates) não tenho dúvidas que o que aconteceu a Salgado foi uma pequena revolução no país que seria completamente impossível no tempo de Sócrates ou num hipotético tempo de António Costa. Só tenho pena que Passos, um liberal assumido, tenha cedido às alas conservadoras e reaccionárias do PSD e CDS na questão do aborto e da adopção por casais gay. Perfeito ele não é. Se não conseguiu extinguir o Tribunal Constitucional ou vender a RTP a chineses, pelo menos devia ter insistido numa revisão da constituição portuguesa e feito mais cargas policiais, mesmo sem qualquer manifestação, só porque sim.
aragem
Isto é o que imaginam sempre que descrevo as actividades ao ar livre que faço com a minha filha de dois anos.
No outro dia ouvi um pai na creche a dizer “esta aragem é muito perigosa para eles”, embrulhando a filha ostensivamente num casaco enquanto que a minha só lhe faltava o colar de dentes de crocodilo para ser uma selvagem. Ahahah “esta aragem” ahahaha EU VOU COM A MINHA FILHA PARA PRAIAS DA ZONA OESTE!
“aragem” ahahahha :’)
última chega,
novo de Deerhunter.
Também estou feliz porque tenho uma foto de mim a abraçar a Angel Olsen e posso ficcionar o que eu quiser.
agradável
Estalo
Opening Night, Cassavetes, 1977
Confirmou-me a Gena Rowlands como a minha actriz favorita, superando a Merryl Streep.
Parece um contraponto do Under The Influence. Adorei as sequências sobre actrizes que levam estalos. “todas as actrizes levam estalos”. No Under The Influence (1974) notei a profusão de estalos que Gena leva do marido (Peter Falk). Talvez tenham sido só três, mas pareceram-me mais. Por isso achei curioso que a actriz do Opening Night emperre numa cena em que é suposto levar um estalo, sendo que é a mesma Gena Rowlands do Under The Influence. Também tocou umas cordas. Actrizes doidas. Não é uma profissão normal, se levada a sério.