A minha vida é uma sucessão de maus timings com dois ou três milagres pelo meio. A vida de toda gente é assim acho eu, mas as pessoas andam distraídas. Eu não. Tenho consciência do azar e da sorte e não fico supreendido com nada. Gosto de dias frios e com sol em Lisboa. Gosto de andar de bicicleta. Não sei o que estou a fazer. Já escrevi cartas muito bonitas. Às vezes parece que estou a arder e um dia apago-me. Às vezes acho que escrevo numa linguagem arcaica, um dialeto de uma tribo perdida numa ilha no atlântico, uma ilha em forma de coração com árvores com flores rosa, super pirosa vista pelo google earth. Povoada de cães e gatos órfãos e cujas fotos em crias circulam pelo facebook desde 2010 e que ninguém quis. Escrevemos cartas que vão para dentro de uma garrafa e atiramos para o mar. Já por mais de uma vez dei um beijo a um fantasma. Gosto das pestanas daquela. E dos dentes de coelhinho daquela. Da franja daquela. Destas, são os olhos enormes, de loucas. O estranho é sentir-me feliz, querer tudo e não querer nada, deixem-me em paz. Estou de ressaca há dias. Sem uma noite de sono decente. Gosto de cozinhar. De estar na cozinha, a preparar o jantar, a frigideira crepitar, o vapor a subir da panela. E de a ouvir cantar na sala, a rodopiar no meio dos legos. Parece que vamos levantar voo os dois, para sempre.
“O estranho é sentir-me feliz, querer tudo e não querer nada, deixem-me em paz. Estou de ressaca há dias. Sem uma noite de sono decente. Gosto de cozinhar. De estar na cozinha, a preparar o jantar, a frigideira crepitar, o vapor a subir da panela. E de a ouvir cantar na sala, a rodopiar no meio dos legos. Parece que vamos levantar voo os dois, para sempre.”
Gostei muito.
Lourenço Bray: poesia e folhas de Excel.
Olha, eu cá gostei muito disto, sim senhor. *
Estás apaixonado?
estou, só que por ninguém.
Já é Natal? ❤
ahahah comenta rapariga!
Também me apaixono pela vida, por tudo e por nada. 😀