Prossegue, mais lento do que desejaria, por falta de tempo, uma aproximação a um método. Acabo por voltar muitas vezes aos mesmos sítios, observo e construo um catálogo. São os sítios de que me lembro. Há dias em que tudo se conjuga, como uma maré vazia com nascer do sol mesmo em frente.
Mas estava já no meu catálogo, pois passei um dia aqui a correr de madrugada e vi a mesma coisa. Só não parei para fotografar. Assim, quando uma insónia misturada com ressaca te acorda às 6:00 e vês pelo relógio do surf que a maré está vazia, sabes o que tens fazer.
Alterei o meu método previsto que era misturar as duas coisas, a viagem, o hike, com a fotografia. Percebi que levado ao extremo não resulta bem nem uma coisa nem outra. Tem de haver tempo para tudo. A fotografia vive melhor num concentrado, numa situação concreta em que é o objectivo, de outro modo começa a cansar e podemos esforçar-nos tremendamente para encontrar coisas interessantes horas a fio com fotos banais.
Percebi na minha série de fotos do Tejo neste local que é melhor nem sequer perder tempo a ir lá com a máquina com uma luz desinteressante, mas que nos dias em que está bom devo ir a correr para lá e cancelar qualquer plano para almoço.
um detalhe, o canto de edifício no ponto superior direito foto vem de ler Larry Fink elaborar sobre a importância deste canto de mesa na foto do lutador, no canto inferior esquerdo:
Não estou de modo nenhum a comparar a minha foto à brutalidade da foto de Fink, e há cisas que eu corrigia agora no enquadramento que falharam (não posso fazer nada quanto ao vaso com terra de que não gosto ali no meio) mas a noção de limitar o espaço e dar-lhe tridimensionalidade com aquela aresta, foi depois de ler Fink explicar por que motivo a sua foto é muito melhor com o canto da mesa do que sem.
Existe uma espécie de conjunto de ferramentas e possibilidades que vão entrando no subconsciente, mas é preciso prática e mais prática.
Continuo sem sugestões de sítios fantásticos para fotografar, tenho de ser eu a fazer tudo.