O truque para fazer algo sentimental sem ser demasiado piroso é desfocar, meter ruído, sujar, procurar assimetrias, dissonâncias, mas sendo honesto, humilde, simples e exposto no essencial, sem as camadas de cinismo, erudição ou abstracção a que muitos recorrem por medo. Amanhã dou conselhos sobre como conservar maçã em saladas sem os bocados oxidarem e ficarem com mau aspecto.
Month: Fevereiro 2016
2016 está a ser excelente em descoberta de bandas de finais de 80s early 90s
ainda o until dawn
Probably, the women are less likeable because Until Dawn is an homage to horror tropes. But why are the women of slasher films less likeable? So we won’t be upset when they die horribly, most likely. A Florida State University study of ‘90s slasher films indicated that women are not only killed more frequently but “shown in terror for obviously longer periods of time than males.”
Until Dawn follows suit. Without giving anything away, there are only one, two, or three fatal decisions you can make for most of the characters. Meanwhile, ”Emily can die five different ways in seven different locations,” said Steve Goss, developer at Supermassive Games.
Uma feminista na Forbes jogou ao Until Dawn até conseguir salvar as 4 personagens femininas.
Eu ainda vou nas 2 e tal da manhã e já matei duas, uma sem querer (espatifou-se toda, falhei o botão do triângulo) e a outra mais ou menos sem querer (era um dilema tipo saw ou seven).
Acho que vou buscar um boneco de peluche ao quarto da minha filha.
sustos
Não hei de ter medo a correr em Sintra sozinho à noite, a jogar a coisas como o Until Dawn… Mas valeu a pena. É um daqueles jogos que já está plenamente em território do que poderia apelidar de cinema aumentado. De todos os géneros que existem no cinema, não tenho dúvidas que o horror é o que melhor se adapta ao videojogo, ao ponto de suplantar o resultado no cinema. Estamos a jogar sozinhos, numa sala escura, com headphones e voltamos a apanhar sustos a sério. O jogo Until Dawn pega no cliché dos slasher movies dos anos 80 e 90 com o típico grupo de jovens numa cabana na floresta e um piscopata à solta, mas é surpreendentemente denso. O argumento para além de muito bem escrito tem inúmeras possibilidades, algo que não sucede no cinema. Jogamos com várias personagens de forma alternada e as nossas decisões influenciam todo o resultado, quem vive, quem morre, como evoluem as relações entre eles etc. Pelo meio há umas consultas misteriosas com um psiquiatra (desempenhado por Peter Stormare) que acrescentam uma camada suplementar de “meta” pois o jogo é assumidamente “um jogo” e faz parte de um exercício que lembra o magistral Cabin in The Woods (filme). Outro ponto decisivo a favor do jogo é o cast e a capacidade que existe hoje em dia de captar as subtilezas das expressões faciais dos bons actores. Para além de Peter Stormare, realçar a revelação que é o Rami Malek. Não o conhecia, mas depois de algumas cenas tive de pesquisar. Pelos vistos é famoso pelo Mr Robot, recebeu nomeações para globos, recebeu um Critic’s Choice Award e o Actors Guild Award. Portanto, quando é um videojogo na ps4 a revelar-me um grande actor, estamos conversados. Já estamos nos domínios da arte.
“I’m sick of not having the courage to be an absolute nobody.”*
*J.D. Salinger